Todas as projecções apontam no sentido do envelhecimento demográfico se assumir, a médio prazo, como uma das dimensões mais estruturantes da organização e das dinâmicas sociais. Se pública e politicamente a discussão se tem centrado sobretudo na questão sócio-económica (sustentabilidade dos regimes de protecção e segurança social), a pressão do envelhecimento demográfico far-se-á sentir em múltiplos domínios da vida social. 

A par de um discurso centrado na modernização e competitividade económica da Cidade, emerge um outro que recorda que a cidade é para os cidadãos e não apenas para as empresas, sendo que esses mesmos cidadãos têm múltiplos coloridos culturais, modos de vida e idades. A “possibilidade” de apropriação do espaço público e dos equipamentos colectivos urbanos faz a diferença entre viver a cidade ou “simplesmente” viver na cidade, o que coloca as políticas urbanas face a novos desafios. Apela-se assim a uma reconceptualização dos modos “tradicionais” de intervenção e gestão do espaço público, sustentando a necessidade dum planeamento sistémico e participado e de um assumir contratualizado de “projectos de cidade”. As políticas urbanas e os “projectos de cidade” exigem um diagnóstico e um conhecimento aprofundado dos contextos locais e deverão ser assumidos e contratualizados tendo por base não só a diversidade de actores, mas também a multiplicidade de dimensões que as constituem. Face a processos de envelhecimento demográfico acelerados, assim se deverá (re)equacionar as políticas urbanas e, em particular, a produção do espaço público e dos equipamentos colectivos urbanos, uma vez que, a qualidade e as condições de vida dos mais idosos dependem (também) directamente da possibilidade de apropriação desse mesmo espaço e equipamentos.