O envelhecimento demográfico, sobretudo nas sociedades ditas avançadas, tem vindo a assumir-se como um domínio privilegiado de investigação no âmbito das ciências sociais. Pese embora os impactos deste envelhecimento demográfico possam incidir sobre toda a estrutura e organização social, os trabalhos de investigação têm-se estruturado predominantemente em torno de quatro problemáticas: perspectiva histórico-demográfica do envelhecimento; construção social e representações sociais da velhice; impactos sócio-económicos do envelhecimento; perspectiva geriátrica e de gerontologia social.

Ainda que, do ponto de vista sociológico, os idosos não constituam um grupo social homogéneo, parece inquestionável que a velhice tende a constituir-se como uma fase de transição, transição essa associada, por vezes, a rupturas profissionais, económicas, sociais, amicais, afectivas, funcionais, etc., que se repercutem com intensidade, quer nos modos de vida das pessoas, quer na sua própria auto-concepção enquanto indivíduos. Também por este motivo, diversos estudos têm vindo a apontar os idosos como um grupo com uma vulnerabilidade elevada a situações de pobreza e/ou de exclusão social.

Tendo por pano de fundo o facto das pessoas com deficiência constituírem, elas próprias, um grupo social com condições de vulnerabilidade específicas e atendendo ao facto de que, em Portugal, a plenitude de condições promotoras da integração social plena das pessoas com deficiência está ainda longe de concretizada, parece relevante, no âmbito da realidade portuguesa, aprofundar duas dimensões de análise principais:

• por um lado, a forma como o processo de envelhecimento é vivido e percepcionado pelas pessoas com deficiência, tanto em termos do seu envelhecimento físico propriamente dito, como da eventual recomposição de modos de vida, redes de sociabilidade, relações familiares, mobilidade e acessibilidade, redes de solidariedade, etc.;
• por outro lado, até que ponto o envelhecimento das pessoas com deficiência  contribui para o (agravamento) de eventuais situações de isolamento, desafiliação e/ou de exclusão social.